Devemos nos preocupar com o ar que respiramos?

Recentemente, mudanças climáticas adentraram no quotidiano de nossas vidas. Ao assistir uma reportagem, ler um jornal ou mesmo olhar o céu, nos deparamos com a absurda poluição que nos habituamos a respirar e a tentar conviver, mas sempre com aquela pergunta em nossas cabeças, será que vai me fazer mal tanta exposição? Hoje certamente temos a resposta e infelizmente é Sim!

Diversos estudos já caracterizaram que o risco de adoecer pelo ambiente que vivemos é enorme. Em 2021 a OMS estimou que ocorrerão 7 milhões de mortes prematuras a cada ano pela poluição atmosférica, sendo essa classificada como um grupo associado a risco de câncer desde 2013.

O cenário é realmente alarmante. Dados apontam que gestantes expostas a poluição atmosférica tem um risco aumentado de prematuridade de baixo peso gestacional, e um quarto das mortes por doenças cardiovasculares podem estar associadas a este fator. Mas e as doenças pulmonares aumentam?

Obviamente que sim. Pensamos muito em quadros de exacerbações respiratórias nos meses mais secos como no inverno, porém com o aquecimento global estamos perdendo a sazonalidade, ou seja, cada vez mais, ocorrem episódios de exacerbações em pessoas com doenças respiratórias crônicas e estamos vendo a ascensão de doenças pneumológicas em indivíduos previamente hígidos, como o câncer de pulmão em pacientes que não eram previamente tabagistas.

Estudos mostram que a exposição crônica a poluentes atmosféricos pode aumentar de 20 a 30% o desenvolvimento de câncer de pulmão. Além do câncer de pulmão, a poluição do ar também tem forte associação ao câncer de bexiga e mesotelioma (este quando a exposição se associa a asbesto).

Frente a todo exposto, a nossa vontade não pode ser outra senão nos mudar para um sítio, longe de tudo, com ar puro e límpido…Contudo, isso definitivamente não resolve o problema. Medidas de redução de emissão de carbono devem ser o quanto antes implementadas, além de programas educacionais voltados a saúde respiratória para uma conscientização populacional e resultados mais eficazes a curto prazo.

Dra. Laura Deltreggia – Pneumologista
CRM 139.347 | RQE 56673

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