Muitos acreditam que o behaviorismo foi o único contraponto da Psicanálise, entendendo que a influência do ambiente seria uma teoria diametralmente oposta à ideia de que o funcionamento psíquico seria determinado por experiências primitivas. Estas poderiam se relacionar ao Complexo de Édipo, ou período onde se estabeleceria as relações edipianas, como defendia Sigmund Freud ou de forma mais precoce, nas primeiras relações objetais como pensava Melanie Klein.
Albert Bandura, psicólogo norte-americano, entendia que a plasticidade do ser humano, entendida como a flexibilidade para o aprendizado de diversos comportamentos era característica importante do ser humano. Estes reagem e se adaptam em função de sua própria experiência e pela observação de outros. A recompensa pode determinar muitos comportamentos, como propõe o behaviorismo, porém fatores pessoais e eventos fortuitos podem determinar atitudes e escolhas.
Bandura se propôs a identificar fatores internos e externos no comportamento humano. Além de fatores externos como o ambiente físico e social, procurou estabelecer a influência de fatores internos como a auto-observação, o processo de julgamento e autorreação.
Identificava Bandura, o funcionamento psicológico como uma resultante de uma causação recíproca triádica. Tal causação envolveria variáveis como ambiente, comportamento e pessoa. A importância de cada elemento ou fator poderia variar conforme o indivíduo ou a situação. Podendo preponderar um fator ou outro.
Escolhas e tentativas de controle sobre suas vidas são fatores importantes na trajetória de vida de qualquer um, porém a ocorrência de encontros casuais e eventos fortuitos podem determinar mudanças de vida importantes.
Assim como Jean-Paul Sartre, o qual acreditava que todo ser humano está condenado a fazer escolhas, ainda que não detenha o controle de todas as variáveis ambientais, Bandura entendia que a essência da humanidade é o controle sobre a própria vida. Tal capacidade ou característica seria denominada de “agência humana”.
Julian Rotter, na tentativa de entender o comportamento desadaptado, procurou conhecer as condições nas quais uma pessoa falha em se aproximar de um objetivo desejado. Avaliando de forma objetiva, pensou na possibilidade da conjunção de fatores como necessidade elevada e liberdade de movimento baixa.
Este pesquisador pensou na possibilidade de que indivíduos poderiam estabelecer objetivos muito elevados, os quais poderiam determinar comportamentos desadaptados. Valorizar objetivos elevados pode não corresponder a capacidades elevadas no sentido de serem bem sucedidos na realização de suas empreitadas.
Condutas desadaptadas seriam marcadas por objetivos irrealistas e comportamentos inapropriados. Estabelecer objetivos muito elevados seria uma possibilidade. Algumas pessoas poderiam estabelecer objetivos amorosos elevados sem habilidades necessárias para realizá-los.
Assim como Freud e a perspectiva psicanalítica, Rotter não entendia a psicoterapia como uma intervenção capaz de produzir mudanças no curto prazo. Seu objetivo era a possibilidade de trazer liberdade de movimentos e reflexões sobre o valor da necessidade de mudanças. Tais objetivos envolvem em linhas gerais: mudar a importância de objetivos e eliminar expectativas não realísticas em relação à própria vida.
Mudar objetivos de vida pode ser a tarefa mais árdua que se propõe em uma psicoterapia. Muitos pacientes relatam experiências frustradas na perseguição de metas porque apresentam objetivos distorcidos.
Objetivos não realistas levam a frustações, sintomas ansiosos e frequentemente a sintomas depressivos para os quais medicamentos antidepressivos podem ajudar pouco.
Objetivos de vida podem estar em conflito, resultando em atitudes contraditórias como resultados nulos, na melhor das hipóteses. Outra possibilidade seriam objetivos autodestrutivos que resultam em fracasso e autopunição. Estabelecer objetivos demasiadamente elevados seria outra forma de atitude que resultam em frustação.
A avaliação da realidade presente pode ser um instrumento importante na atitude do terapeuta.
Muitas vezes o paciente carece de informações realistas sobre suas possibilidades de sucesso na persecução de seus objetivos. A avaliação de eventos passados que podem determinar atitudes defensivas pode ser útil, porém a avaliação de situações e conjunturas presentes é imprescindível na escolha de caminhos e atitudes a serem adotadas.
A avaliação da atitude e dos objetivos perseguidos pelo paciente pode ser de extrema validade. Conforme Rotter, a postura de aceitação, no melhor sentido “Rogeriano”, pode auxiliar o paciente a avaliar seus objetivos, bem como seus métodos, estreitando a discrepância entre seus objetivos e sua liberdade de ação e movimento.
A teoria social cognitiva, ainda que não represente uma “técnica” especifica de psicoterapia, representa um referencial importante no trabalho em psicoterapia.
Dr. Francisco Ruiz – Psiquiatra | CRM 55945 | RQE 33048