O processo de globalização, de seu princípio aos dias atuais, vem nos confrontando com realidades desafiadoras, ora excelente, ora balançando nossas crenças e, por vezes, colocando à prova nossos princípios. A disrupção digital que veio no seu bojo turbinou os processos, suprimiu distâncias e favoreceu rearranjos por afinidades, sejam elas ideológicas ou não, mas muitas vezes pautadas em verdades relativas ou mesmo futilidades. Gerou-se um universo tecnológico eficiente na comunicação e contextos que se distribuem dentro de um vasto espectro de atuação positiva e enriquecedora numa ponta, até negativa e vazia na outra. O problema, muitas vezes, é a dificuldade de se ter critérios fiáveis para detectar o que é verdade, mentira ou manipulação.
Este processo vem ocorrendo em todos os níveis, desde global até local, passando por grupos de interesses de toda natureza. As Entidades Médicas têm sofrido empurrões que procuram desestabilizá-las no âmago de sua essência, buscando a sua captura ou o seu alinhamento “político” e relegando em segundo plano o escopo de sua existência.
É inegável que a política permeia todos os aspectos da vida em sociedade, mas nem por isso, todo agente social ou entidade precisa descuidar das nuances de sua especificidade vocacional que lhe cabe zelar, para se diluir na generalidade ideológica partidária. Menos ainda, se valer de inverdades (Fake News) para impor a todo custo a sua narrativa, porque mentir é simplesmente mentir, e isso é inaceitável, principalmente quando a ética e a moral são atributos imprescindíveis, inegociáveis e cardinais para o nosso ramo de atividade: a Medicina em todas as suas dimensões.
Quando esse tipo de expediente adentra os pleitos médicos, podemos afirmar sem sombra de dúvida que abrimos a nossa caixa de Pandora e damos início ao fim. Vale frisar que esta caixa vem sendo aberta, não é de hoje. A esperança que nos resta vem de uma mudança cultural para valer, em que o médico venha a se sentir membro ativo de um só corpo, cuja saúde orgânica, ética, financeira e representatividade social e de classe sejam de notório e de grande valor.
Dr. Gabriel C. Alvarenga – Presidente APM Indaiatuba