Quem não ouviu essa infeliz frase proferida por um elemento falastrão radicalmente populista, na expressão de seu desejo para equacionar a falta de médicos no pais e por de joelhos uma classe profissional?
No Brasil, a medicina foi tomada de assalto. Numa mescla de fatores extrínsecos como disrupção digital tsunâmica, esperteza econômica e populismo barato, a população vem sendo ludibriada com uma proposta para solucionar a grave e progressiva carência em serviços de saúde, que mais tem a ver com revanchismo, incompetência, incoerência, oportunismo e irresponsabilidade.
De nada adiantaram as recomendações das entidades médicas desde o primeiro estudo que expôs a dinâmica da demografia médica no pais. O programa Mais Médicos hoje, continua não atendendo as recomendações das entidades médicas. Pelo contrario, perdeu-se a oportunidade de investir em recursos logísticos estruturantes e recursos humanos de modo sustentável.
As interferências são de toda sorte e os atores, respaldados por uma rede de sustentação parceira dentro do congresso e dentro do sistema judiciário que comprou suas teses.
Uma certeza temos: a qualidade dos futuros egressos das faculdades brotando aos montes, sem lógica distributiva e sem que lhe sejam exigidas condições mínimas requeridas para a missão de formar, traz graves ameaças à saúde pública. Esta situação põe em cheque a integridade do sistema como um todo, mina a qualidade da atenção e retroalimenta a sua ineficiência.
A população, desconfiada da medicina, dá ouvidos a charlatões e acaba buscando a judicialização que por sua vez estimula o mercado de seguros para prática da profissão.
Como desviar desta grande cilada depreciativa, com toque de estelionato?
Antes de tudo, precisa ficar claro que precisamos manter a nossa integridade enquanto médicos e enquanto entidades médicas, dispostos a defender com veemência o que entendemos que seja melhor e sustentável para garantir uma saúde de qualidade, com segurança para o trabalho das equipes de saúde e sem captura ideológica partidária.
Num segundo momento, precisamos partir para o convencimento da população como um todo e da sociedade civil organizada de que um preço muito alto de tudo isso está por vir e que não há espaço hoje, para a complacência e o faz de conta.
Dr. Gabriel C. Alvarenga – Presidente da APM Indaiatuba