Entidades médicas têm se mobilizado para enfrentar o que claramente se evidencia em levantamentos estatísticos, e que vem crescendo epidemicamente em ritmo alarmante: violência contra profissionais da saúde.
Os profissionais de saúde fazem a interface do sistema com a população. No caso dos médicos, estes se sentem sobrecarregados e desvalorizados e têm adoecido mentalmente em função de uma demanda que não consegue ser vencida.
A violência é praticada em modalidades das mais diversas: física, com arma de fogo, arma branca ou de contato e, psicológica como insultos, ameaças, violência sexual. Até arremessos de fluidos corporais de pessoa acometida por doença infectocontagiosa tem sido registrado.
A resiliência tão evocada e requerida aos profissionais de saúde, certamente não comporta a naturalização desta situação que deve ser dissociada da ideia de empatia a todo custo.
Jamais devemos abrir mão do trato mutuamente respeitoso como ponto de partida em qualquer relação, inclusive na relação entre a população e os profissionais de saúde. Cuidar jamais pode significar mordaça, complacência e permissividade em detrimento da clareza e da franqueza. Nunca devemos perder de vista que a razão da existência da medicina é a saúde em todas as suas dimensões.
Entidades médicas se dão por missão cardinal, a defesa de condições de trabalho adequadas e da saúde do cidadão e entendem que a medicina tem de ser exercida, baseada em evidências, que por sua vez são operacionalizadas em diretrizes e protocolos.
A pacificação da questão passa evidentemente e inevitavelmente pela tão trabalhosa e negligenciada
Educação em Saúde, onde todos os atores interessados em desfechos e indicadores bons em saúde,
precisam entender que o êxito em cuidados passa indubitavelmente por uma gestão, que dimensiona corretamente oferta em recursos humanos e logísticos com demanda. O que já é difícil, tendo em vista as crônicas limitações do SUS e as condições econômicas do país.
Denuncismo, clientelismo e empoderamento vazio – outras formas de violência – só colocam combustível num problema cuja origem não pode ser atribuída a quem está nas trincheiras. Definitivamente não educa, não protege e não qualifica a atenção, só a encarece.
Para o CFM, tais episódios exigem dos gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) e da área de segurança pública – em todas as instâncias (municipal, estadual e federal) – a adoção urgente de medidas efetivas para prevenir e combater a violência em todas as suas formas de manifestação, nos ambientes
médico-hospitalares, sob pena de responsabilização de negligência com relação a situações desse tipo.
Dr. Gabriel C. Alvarenga – Presidente da APM Indaiatuba