O Virus Sincicial Respiratório (VSR) é amplamente conhecido entre nós médicos e principalmente pediatras. Em crianças ele é bastante discutido, visto que é capaz de causar sérias alterações no trato respiratório, como a bronquiolite, levando a necessidade de internação e suplementação de oxigênio em muitos casos. Contudo, o que não é amplamente discutido é o seu potencial risco em adultos e idosos.
O VSR, é altamente contagioso, sendo transmitido principalmente por secreções respiratórias, ou seja, pessoas contaminadas podem expelir gotículas ao tossir e espirrar e assim infectar outros indivíduos. Em muitos casos, realmente, seus sintomas serão semelhantes a um quadro viral sem qualquer gravidade, com tosse, coriza, febre e mal estar, mas que duram poucos dias como se fosse mesmo um resfriado comum, porém em indivíduos com mais de 60 anos estes podem estar propensos a sérias complicações. Mas por que isso ocorre?
Pessoas com mais de 60 anos, já apresentam alterações referentes a resposta imune, e portanto, ficam mais suceptíveis a infecções mais severas. Dados recentes mostram que no Brasil 1 a cada 5 pessoas hospitalizadas pelo VSR pode evoluir a óbito. Além disso, esse grupo populacional é também o grupo que já apresenta outras comorbidades, como diabetes, doenças cardiovasculares, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, e assim apresentam potencial risco de complicações quando infectadas.
De fato, vimos isso ocorrer em outras doenças virais respiratórias como COVID, que em idosos aumentava-se muito o risco de complicações e morbimortalidade, e que hoje com o advento da vacina conseguimos controlar a doença, mas que ainda é potencialmente grave nesse grupo populacional. Tendo isso em mente, recentemente foi lançada a vacina para o VSR, cuja a população alvo é justamente esta.
A indicação abrange pessoas com mais de 60 anos, principalmente se tiver alguma dessas comorbidades:
- Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
- Asma
- Insuficiência Cardíaca Congestiva
- Diabetes
Além da vacinação não podemos esquecer que medidas simples de prevenção como lavagem das mãos, evitar toques das mãos no rosto, evitar contato com pessoas doentes e cobrir a boca e nariz ao espirrar e tossir.
Vale lembrar que esta vacina não é contemplada no Sistema Único de Saúde e que é uma vacina cara, e portanto não está acessível a toda a população. Considerando os custos de uma internação e o que se gasta com a reabilitação necessária que este paciente enfrentará após, sem dúvidas a vacina sai mais barata, e dessa forma cabe a nós como médicos e promotores de saúde divulgarmos cada vez mais a necessidade de implementação de vacinas como esta no Programa Nacional de Imunização.
Dra. Laura Deltregia – Pneumologista | CRM 139.347 – RQE 56.673