As varizes dos membros inferiores são veias dilatadas, tortuosas e frequentemente alongadas, que assumem essa configuração, por terem a
sua função comprometida e se tornarem ineficientes na drenagem venosa dos membros inferiores, configurando uma manifestação clínica da Doença Venosa Crônica.
Muito se fala a respeito de suas formas de tratamento e do incômodo clínico e também estético que elas podem acarretar em seus portadores, no entanto, tratar as varizes não é somente necessário para o controle sintomático do paciente ou melhora visual do membro acometido.
Deixar de tratar as varizes, pode fazê-las evoluir em graduação clínica e acarretar complicações de diferentes graus de complexidade, tais como:
Trombose venosa superficial: Por ser dilatada e ineficiente em sua função, o sangue que passa pelo lúmen da veia varicosa pode ficar em estase por períodos de tempo maiores que o normal. Essa estase é um fator de risco para a formação de trombos no lumen venoso. A trombose de veias varicosas, dita Trombose venosa superficial (ou mais comumente conhecida como Tromboflebite) pode evoluir para uma Trombose venosa profunda e seus desdobramentos.
Eczema de estase: Devido a ineficiência da drenagem venosa do membro, pode haver um processo inflamatório irritativo da pele do membro acometido, com intenso prurido, sinais flogisticos cutâneos e frequente descamação da pele local. Tal processo pode favorecer ulcerações da pele ou contaminação das áreas afetadas, durante o ato de coçá-las, podendo levar a quadros infecciosos locais, como erisipelas.
Úlcera de estase: Configura o grau clínico mais avançado da Doença Venosa Crônica (grau 6) e pode cursar com complicações decorrentes de uma ferida não cicatrizada (dor, hipersensibilidade, risco de infecção local, restrições de movimentos e atividades…). Em sua fase cicatrizada (grau 5) pode cursar com deformidades da pele local e alteração do seu trofismo, já que se trata de um tecido cicatricial.
Dermatite ocre: Hiperpigmentação a base de hemossiderina (Ferro) nas camadas que constituem a pele, devido a insuficiência da drenagem venosa do membro acometido.
Hipodermoesclerose: Processo de fibrose da pele, decorrente de processo inflamatório crônico local, muito comum nos casos de Dermatite ocre, e que altera o seu trofismo, podendo comprometer a elasticidade cutânea, dificultando sua cicatrização e favorecendo o surgimento de lesões locais.
Tratar as varizes, portanto, é uma necessidade e, quanto mais elas são tratadas em seus estágios iniciais, menor a chance de complicações.
Seja o tratamento clínico ou intervencionista, toda variz deve ser avaliada e rastreada pelo cirurgião vascular para a ciência de quais fatores se aplicam para seu cuidado e controle de sua evolução, uma vez que suas complicações podem acarretar múltiplos e importantes transtornos.
Dra. Tais Mori Sério | Cirurgiã Vascular – CRM 102600 | RQE 56399


