A Terapia do Esquema foi desenvolvida por Jeffrey Young como uma proposta de avanço da terapia Cognitivo-comportamental, envolvendo elementos das escolas de Apego, Relações Objetais e da própria Psicanálise.
A proposta foi apresentada visando o atendimento de pacientes com transtornos de personalidade e problemas caracterológicos, os quais, impõem grandes dificuldades aos psicoterapeutas.
Trata-se de uma técnica útil ainda em pacientes do Eixo 1, como depressão, ansiedade e fobias, os quais podem não avançar com tratamentos tradicionais ou apresentar elevado índice de recidiva. Em outros casos ainda, superados total ou parcialmente os sintomas apresentados inicialmente, os pacientes passam a exibir ou trazer os problemas caracterológicos como centro de suas dificuldades e do processo terapêutico.
No caso dos pacientes com problemas caracterológicos, estes procuram a psicoterapia com queixas vagas e imprecisas, como sensação de vazio, insatisfações ligadas a relacionamentos amorosos ou profissionais, entre outras.
Outro aspecto importante dos pacientes que podem se beneficiar da terapia cognitivo-comportamental é a capacidade e disponibilidade para comunicar ideias e emoções ao terapeuta, o que muitas vezes não ocorre com os pacientes com dificuldades caracterológicas. A evitação de lembranças, ideias e emoções é uma característica frequente destes pacientes.
Ocorre muitas vezes, que os sintomas dos pacientes com problemas caracterológicos sejam egossintônicos, ou seja, os pacientes se adaptaram a seus sintomas e entendem que estes são uma forma de ajustamento e enfrentamento benéfico das dificuldades da vida. Acreditam que suas dificuldades decorram de problemas que outras pessoas lhe colocam, pela cultura e sociedade.
Entendem as dificuldades como causadas pelo “mundo exterior”, igualmente apresentam muitas dificuldades em estabelecer uma aliança terapêutica. A desconfiança e a desvalorização da figura do terapeuta representam uma dificuldade importante no processo terapêutico, embora possam também representar uma oportunidade de identificar padrões de relacionamento. Aplica-se, diante dessa dificuldade, o procedimento proposto por Freud como “análise da transferência”.
O enfoque da Terapia do Esquema se dá na identificação dos chamados “esquemas desadaptativos remotos”.
No esclarecimento destes se torna de grande importância, a investigação de origens infantis dos problemas e nas reações infantis e juvenis de padrões de enfrentamento.
Não se trata de “resolver” conflitos passados, mas de identificar padrões de atitudes desadaptativas atuais que se iniciaram no passado. Conhecer o percurso de modelos de atitudes e como moldaram relacionamentos interpessoais e os sintomas do presente, quer sejam egossintônicos ou egodistônicos.
Esquema é uma palavra de sentido amplo e aplicada em diversos campos e ciências, mas no âmbito da psicoterapia significa um modelo de organização psíquica, o qual implica em uma visão de mundo, de si mesmo e um padrão relacional.
Tais esquemas ou modelos de organização psíquica podem ser adaptativos ou não e podem se iniciar na infância ou em outros momentos da vida. Ainda que os esquemas possam causar sofrimentos e dificuldades na vida, são modos de vida que são percebidos como familiares, ou seja, o indivíduo se acostumou a determinado esquema e se sente confortável em relação a ele, ainda que lhe acarrete dificuldades.
Muitos esquemas podem resultar de dificuldades e necessidades não satisfeitas ao longo da vida, principalmente na infância. Tais necessidades podem ser autonomia, liberdade de expressão, respeito pela individualidade e aceitação. Podem também decorrer frequentemente de exigências excessivas ou de seu oposto, a permissividade.
A Terapia do Esquema apresenta semelhanças com as técnicas psicodinâmicas, conforme dito.
Entre as semelhanças se destacam a exploração das dificuldades atuais com base em experiências da infância e atenção à aliança e relação terapêutica. Ainda que o estabelecimento de uma relação empática e espontânea possa ser diverso de acordo com as várias correntes de psicoterapia dinâmica, notadamente as mais modernas, este tipo de relação prevalece na Terapia do Esquema.
Por outro lado, as diferenças com as correntes psicodinâmicas se dão principalmente na questão da postura neutra do terapeuta, defendida nas terapias dinâmicas. Outra diferença importante se dá no afastamento, não necessariamente rejeição, da teoria baseada em pulsões. Modos de funcionamento psíquico e comportamental nas quais os psicanalistas, a título de exemplo, interpretam como mecanismos de defesa contra desejos instintivos, terapeutas do esquema entendem como resultados de esquemas e comportamentos por necessidades não satisfeitas ao longo da vida.