Ultimamente temos assistido a uma avalanche de notícias que nos causam perplexidade enquanto Classe Médica, tamanha a sua incongruência, seu descompromisso e seu desrespeito com os médicos e com a saúde da população.
Vem no seu bojo uma essência negacionista, ao mesmo tempo populista e mercantilista, que se vale de Fake News para confundir e intoxicar a população carente da verdadeira e compromissada Saúde, aquela que almeja prevenir, tratar para curar ou pelo menos mitigar os efeitos dos agravos de modo qualificado, com equidade e na sua universalidade conforme mandamentos do Sistema de Saúde brasileiro.
Precisamos aqui fechar com o consenso de que Fake News não é exclusividade de milícias militantes em mídias sociais e concordar com a definição da Oxford Languages de que se refere a toda informação falsa que é transmitida ou publicada como notícia, motivada por razões políticas ou para fins fraudulentos. Havemos de reconhecer que Fake News, hoje turbinada pelas mídias sociais, sempre existiu mas é expediente cronicamente usado pelas convencionais. Por razões total ou parcialmente falsas. Até certa medida, na área de Saúde, mais parece estratégia de política de Estado!
Eis que hoje, sem que haja um mínimo de critério de razoabilidade, apesar de veementes e reiteradas notas de repúdio das Entidades Médicas, pululam em mídias convencionais, noticias sobre Projetos de Lei como o PL 1767/2021 que buscam criar um programa especial de inclusão para enfermeiros com mais de quatro anos de formados, nos cursos de medicina em faculdades particulares, com financiamento do Governo Federal ou mesmo a aprovação de relatório da Medida Provisória 1.165, de 20 de março de 2023 que trata da reedição do Programa Mais Médicos de 2013 sob o pretexto de uma “estratégia nacional para formação de especialistas para a Saúde”.
Inacreditável foi saber que no Senado Federal tramita o PL 1435/2022 que almeja facultar aos enfermeiros com mais de dez anos de experiência em Atenção Básica, a participação no exame do Revalida para que possam vir a exercer a medicina.
Ao longo desta última década, a medicina no Brasil vem assumindo ares de terra de ninguém.
Não seria melhor atribuir a quem de fato entende, a prerrogativa de estabelecer diretrizes, ao invés de achar que um legislativo autônomo mas leigo, por vezes tendencioso, surdo e cego teria o poder de resolver sob encomenda do Executivo ou como bem entende, cada demanda na sua especificidade?
Quanto mais se legisla, mais se deixa a impressão de estarmos numa sociedade disfuncional e susceptível à captura por interesses não republicanos.
Nosso Sistema de Saúde mais parece um corpo doente, acometido por um câncer agressivo, imunocomprometido e exposto a parasitas oportunistas. Isso custa vidas!
Um País que muito legisla, pode acabar mal contemplando.
O Brasil precisa cuidar melhor da Saúde, de sua Saúde, o bem mais precioso do ser humano, com mais respeito, a começar pelo respeito à população, à ciência, à medicina e aos médicos.
Dr. Gabriel C. Alvarenga – Diretor de Defesa Profissional APM Indaiatuba