Fruto da relação política torta entre o SUS e a Saúde Suplementar nesta última década, nasceu a figura de Planos Populares ou Acessíveis, cujo foco de fato, não é o indivíduo e sua boa saúde e sim, o já sofrível bolso dos desassistidos.
Eles vêm captar a crescente demanda oriunda da Saúde Suplementar, sufocada pela queda do poder aquisitivo, enviesada por um comportamento cultural da população, reflexo da pobre educação em saúde que potencializa a alta da sinistralidade e pela regulação soberana, mas ainda a ser compreendida.
Sua atenção é voltada para geração de guias de exames, com pouca ou nenhuma preocupação com protocolos e diretrizes e sem real compromisso com desfechos em saúde.
Contratam profissionais médicos que o sistema não absorveu, portanto vulneráveis e disponíveis para o estabelecimento de vínculos laborais que podemos considerar precários.
Os profissionais cooptáveis, em números exponencialmente crescentes, são descobertos do manto protetor da nossa Constituição que sempre se valeu de ser protetora da força de trabalho. Peritos em mídias digitais, mal atentam para o Código de Ética Médica e menos ainda, tem ideia das crescentes armadilhas plantadas em leis e regulamentações que os tornam deveras vulneráveis.
Só se enxerga a oportunidade de negócios em detrimento de cidadãos economicamente hipossuficientes, que migram da Saúde Suplementar após entregar seus já parcos recursos para desembocar no SUS, em grandes contingentes devido à falta de resolutividade de um “plano tampão”, que tumultua o equilíbrio do sistema da Saúde Suplementar sem oferecer serviços secundários, ainda menos terciários.
Mais do que nunca, uma mudança de perspectiva se impõe e só teremos alguma chance de reversão, se houver um choque de conscientização e forte engajamento em volta de Entidades Médicas, imunes às inclinações de política partidária.
Dr. Gabriel C. Alvarenga – Presidente da APM Indaiatuba