A sensação que se tem, quando nossos líderes políticos tratam de política de saúde, é a de ouvir astrólogos falando de astronomia.
Astrólogos cegos que interferiram com descabida ignorância na condução de uma crise sanitária que demandava compaixão, presteza e assertividade. Em meio à provocações e reações, fizeram da dor alheia uma grande oportunidade para antecipar campanhas políticas e emplacar vergonhosos desvios de recursos em suas gestões, em muitas das esferas: municipal, estadual e federal, além de fazer da canhota judicialização, um escudo político com lastro legal para se blindarem.
Astrólogos cegos, que nem com fatos e experiências pregressas, dão o braço a torcer mas saem anunciando a reedição de um programa que muito agrediu a Classe Médica, fazendo uso de profissionais de saúde em condições desumanas de trabalho e transferindo vultuosos e valiosos montantes financeiros, desfalcando assim, a capacidade de investimentos na qualidade de vida e segurança do brasileiro.
A questão Saúde não tem sido tratada ouvindo a quem compete nem como merece ser. Tem sido capturada por questões e ações oportunistas e populistas. Intencionalmente ou tolamente, se confunde quantidade com qualidade, voluntarismo com ação competente. Talvez porque é ali que mora a maliciosa oportunidade.
Se a Saúde é dever do Estado e direito do cidadão, a política de Saúde deveria ser sinônimo de política de Estado, pensada à luz da constituição, planejada, projetada para o curto, médio e o longo prazo, implementada, gerida, fiscalizada, avaliada de forma responsável e transparente, dentro das possibilidades e das responsabilidades orçamentárias da nação, com racionalidade imune às ideologias transitórias.
Há uma clara sensação de que os genuínos valores, outrora ensinados em escolas médicas, estão sendo rifados para remover obstáculos e ceder o lugar aos promissores e lucrativos negócios na saúde.
Implodir, deixar de ouvir com seriedade as Sociedades e Entidades Médicas, fazer dos profissionais de saúde e a população, massa de manobra, tem custo inaceitável em termos de oportunidades e vidas perdidas, para a nação e para a população.
Dr. Gabriel Alvarenga – Diretor de defesa profissional da APM Indaiatuba