Causada por um vírus de RNA fita-simples, os poliovírus são enterovírus capazes de causar doença neurológica em humanos. A transmissão é pessoa a pessoa pelas vias oral ou fecal-oral e mesmo pessoas assintomáticas podem transmitir o vírus.
Três sorotipos foram identificados até o momento, sendo que atualmente somente o tipo 1 está relacionado aos casos de doença selvagem. O tipo 2 está associado ao desenvolvimento de doença vacinal, sendo considerado erradicado em sua forma selvagem.
Epidemiologia atual
Antes da disponibilidade de vacinas, a poliomielite tinha distribuição mundial, mas sua incidência vem diminuindo ao longo das décadas, com redução de mais de 99% nos casos estimados.
No Brasil, os últimos casos de pólio ocorreram em 1989, quando 25 casos foram notificados. Em 1994, o país recebeu o certificado de eliminação da pólio, permanecendo sem casos notificados de doença selvagem desde então.
Em 2022, segundo dados da OMS, foram detectados 10 casos de poliomielite em 3 meses no Paquistão, configurando um surto da doença que levou à criação de um Comitê de Emergência para definir, monitorar e coordenar ações de vigilância e controle.
Também foram detectados fora do Paquistão e Afeganistão, em territórios previamente sem notificação de vírus circulante, como Malawi e Moçambique. A rota de transmissão ainda não identificada, mas ações de vigilância e de vacinação em massa foram adotadas como medidas
para interromper a transmissão viral.
Surtos causados pelo vírus vacinal também aumentaram nos últimos anos, incluindo outros países que não os que já foram citados. Somente em 2021, 195 casos foram identificados, sendo 144, fora do Afeganistão ou Paquistão.
A imunização abaixo do recomendado, falta de acesso a serviços de saúde e dificuldade de montar respostas sanitárias de forma rápida e eficiente em alguns países, leva a uma situação de alto risco de disseminação do vírus vacinal.
Tratamento, prevenção e vigilância
Não existe tratamento específico para a poliomielite. Por esse motivo, a melhor estratégia para o controle da doença é a vacinação como forma de prevenção. Atualmente no Brasil, a vacinação contra pólio está incluída no calendário de imunização infantil, nas formas de vacinas inativada e ativada. Pela associação com doença vacinal, a vacina ativada não contém o tipo 2 do vírus. A recomendação é a administração da vacina inativada (VIP), por via IM, aos dois, quatro e seis meses de idade e reforço com a vacina ativada (VOP), por via oral, aos 15 meses e aos quatro anos. Manter uma cobertura vacinal adequada é essencial para a erradicação da doença no mundo, controle dos casos de doença vacinal e manutenção do status de eliminação nos países em que casos não são registrados. Casos de paralisia flácida aguda são considerados como agravos de
notificação compulsória, devendo ser notificados ao Serviço de Vigilância responsável para que a investigação ocorra em tempo oportuno.
Para efeitos de notificação, consideram-se como casos suspeitos de paralisia flácida aguda: Todo caso de deficiência motora flácida, de início súbito em pessoas menores de 15 anos, independente da hipótese diagnóstica de poliomielite. Caso de deficiência motora flácida, de início súbito, em indivíduo de qualquer idade, com história de viagem a países com circulação do poliovírus nos últimos 30 dias, que antecederam o início do déficit motor, ou contato no mesmo período com pessoas que viajaram para esses países que apresentem suspeita diagnóstica de poliomielite.