A recente experiência das eleições do CREMESP, nos traz a possibilidade de fazermos oportunas reflexões sobre a qualidade do engajamento político da coletividade médica em nosso País.
O engajamento político em questão é aquela única razoável que diz respeito à defesa de uma medicina que garanta uma formação de qualidade e a prestação de serviços em saúde de modo equânime, livre da injustiça que o populismo, a cobiça e a ganância trazem no seu bojo.
Portanto, embora aceitável que na sua individualidade, seja lícito que o médico tenha a sua inclinação ideológica, havemos de reconhecer que nenhuma cor das bandeiras existentes no país tem tido um olhar verdadeiramente republicano para com a medicina, os médicos e um acesso de qualidade para a população.
A poluição ideológica tem ajudado a confundir e a potencializar a pulverização da formação, o deslocamento dos valores éticos e humanistas permitindo a criação de zumbis ideológicos.
A medicina dos dias atuais está sendo cada vez mais, dentro e fora, capturada por diversos agentes, que se valem estratégica e demagogicamente de falsos argumentos para emplacar suas ações, pelo poder político e econômico.
Lamentável é ver estratégias de guerrilhas sendo adotadas dentro da própria classe médica, nas lutas pelo controle de suas instituições, mostrando o nível de contaminação, do empobrecimento ético e ideológico que hoje, nelas se instalaram.
Nossa profissão está em vias de perder a sua essência. É inquietante ver o desinteresse de médicos, literalmente sem pensamento crítico, logo, sem participação ou engajamento, reagindo apenas aos estímulos digitais feito massas de manobras em vésperas de pleitos.
A captura da medicina vem roubando a esperança de uma profissão verdadeiramente preocupada com o corpo e a alma. Se estamos a nos propor a adentrar o futuro com nossos sonhos, de bom alvitre seria preservarmos a essência da medicina, por nós mesmos, sem perdermos a perspectiva dos ensinamentos de Hipócrates, a favor do verdadeiro e genuíno humanismo.
O desinteresse está saindo muito caro para todos nós!
Dr. Gabriel C. Alvarenga – Diretor de Defesa Profissional da APM