Os conceitos de mecanismos de defesas e “necessidades neuróticas” têm relações estreitas e se manifestam de forma semelhante, representando formas de combater a ansiedade básica. Inicialmente, Karen Horney elencou uma série de necessidades neuróticas que poderiam ser aglutinadas em algumas categorias.
Necessidade neurótica de afeto e aprovação seria um comportamento relacionado a necessidades narcísicas na busca do controle da ansiedade básica. Neuróticos buscariam atender expectativas alheias ou próprias na tentativa de controlar sua insegurança.
A busca por um parceiro poderoso ou, ao contrário, a busca de poder e dominação sobre um parceiro seria outra forma de vencer a insegurança e a falta de auto confiança. Esta busca de poder poderia se manifestar na relação com o parceiro, familiar, nas relações profissionais ou em quaisquer outras relações.
A necessidade de prestígio, admiração pessoal seria um extremo de comportamento de afirmação de seu valor e busca de segurança, bem como poderia se manifestar por seu oposto que seria a condução da própria vida dentro de limites estreitos, buscando não serem notados.
A busca intensa por autossuficiência e independência seria outra forma de controle da insegurança, associando-se muitas vezes a uma busca neurótica por perfeição e invulnerabilidade. Tal característica poderia se dar, por exemplo, no medo de cometer falhas e na necessidade de esconder fraquezas pessoais.
Na evolução de sua teoria, Horney entendeu que as necessidades e defesas neuróticas poderiam ser agrupadas em três categorias gerais que seriam o movimento em direção às pessoas, contra as pessoas e para longe das pessoas.
Tais movimentos podem ser comportamentos de pessoas normais ou comportamentos considerados neuróticos a depender do grau de consciência que o indivíduo tenha do próprio comportamento, do nível de conflito interno que tal comportamento venha a provocar e da liberdade que o indivíduo tenha em escolher tal ou qual conduta. Dito de outro modo, no comportamento neurótico o indivíduo se fixaria em uma determinada conduta, limitando seu rol de comportamentos e respostas em situações específicas.
O movimento em direção aos outros não estaria relacionado ao amor fraterno e genuíno, mas à necessidade de amparo, proteção e aceitação. Sendo assim, este comportamento poderia estar relacionado à busca de um parceiro poderoso, envolver uma conduta de submissão e eventualmente de dependência, com provável sofrimento e outros prejuízos. Tal conduta poderia não ser percebida pelo indivíduo, que a poderia classificar como um a filosofia de vida e uma autoimagem caracterizada por humildade, altruísmo e generosidade.
Tal atitude em relação a outras pessoas pode ser valorizada socialmente e, de fato, está comumente associada a virtudes, porém a limitação do indivíduo a esses comportamentos pode lhe trazer prejuízos, podendo ser objeto de análise e conscientização por meio da psicoterapia e análise.
Francisco Ruiz – Médico Psiquiatra