Na edição anterior vimos que os tumores musculoesqueléticos possuem algumas características a serem estudadas e quanto antes for detectado mais precoce pode ser realizado o seu tratamento. Após a suspeita de um possível tumor com a devida anamnese e exame físico, parte-se para a investigação complementar, com exames de imagem e em alguns casos, laboratoriais.
O primeiro exame a ser solicitado é a Radiografia simples, que vai diagnosticar 80% dos tumores ósseos. A radiografia deve ser feita em pelo menos 2 incidências (anteroposterior e perfil) e deve conter todo o segmento ósseo a ser estudado (em casos de lesões diafisárias sempre solicitar RX da articulação acima e abaixo). Enneking preconizou 4 questões para facilitar o entendimento da radiografia em casos de tumores:
Local da lesão – qual o osso / segmento ósseo acometido?
O que a lesão causa no osso? – destruição (osteólise), produção (osteoblástica) ou os dois (mista)?
Qual a reação óssea? – como o osso responde à lesão?
Qual a característica da lesão? Matriz óssea, calcificação condral, produção de líquido ou tecido fibroso?
Além disso devemos seguir esse roteiro para direcionar o tipo de tumor com o qual estamos lidando: idade do paciente, localização no esqueleto, localização no osso, se essa lesão óssea está acometendo as bordas, o meio, identificar a zona de transição entre a lesão e o osso, entre outras.
Tomografia Computadorizada
é outro exame de imagem que permite a visualização de lesões ósseas, principalmente cintura escapular e cintura pélvica. Além de mostrar melhor as delimitações das ossificações e calcificações, avalia o grau de destruição da cortical óssea e a presença de metástases pulmonares e em outros sítios ósseos.
Ressonância Nuclear Magnética
é necessária para diagnóstico dos tumores medulares e extraósseos, principalmente de partes moles. Também é essencial para ver se o tumor tem relação anatômica com outras estruturas como vasos e nervos, o que decide o planejamento cirúrgico (margens). É utilizada para avaliação da resposta do tumor ao tratamento quimioterápico. Deve ser realizada em 3 planos de imagens (cortes sagital, axial e coronal) e nas ponderações T1, T2, DP e, se possível, com contraste.
Cintilografia Óssea
é feita com injeção de um rádio fármaco e captação de imagens. Ela auxilia na diferenciação de lesões agressivas ou não, na atividade osteo metabólica e, devido ao mapeamento ósseo do corpo todo, verifica a presença de metástases.
Tomografia por Emissão de Pósitrons
(o famoso PET-CT), que avalia a resposta do tumor a uma substância análoga da glicose, dando indícios da resposta metabólica das células tumorais. É muito útil para o estadiamento e para a resposta ao tratamento realizado pelo paciente.
Os exames de laboratório não são específicos, porém podem ajudar no diagnóstico diferencial entre o tumor em si, doenças infecciosas ou do metabolismo ósseo. Podem ser solicitados dosagem de cálcio, fosforo, fosfatase alcalina, vitamina D3, desidrogenase lática, PCR, VHS, ureia, creatinina, entre outros. A eletroforese de proteínas é particularmente útil para o diagnóstico do mieloma múltiplo e do plasmocitoma.
O último passo para o diagnóstico da lesão é a realização da Biópsia. Ela pode ser realizada por via aberta (realiza-se uma incisão na região e retira-se um fragmento diretamente) ou por via percutânea (retira-se um fragmento da lesão por meio de uma agulha de biópsia e é guiada por exames de imagem, radioscopia, ultrassom ou tomografia). Após, o fragmento é mandado para análise anatomopatológica, bacterioscopia, cultura, pesquisa de fungos e imunohistoquimica, para verificar o tipo de célula que compõe aquele tumor, se tem algum microorganismo associado, como essa célula reage a um certo tipo de substância. Após essas respostas, o cirurgião vai programar a melhor estratégia terapêutica, seja com cirurgia, com quimioterapia, radioterapia ou a junção de métodos, que veremos com mais detalhes na próxima edição.
Dra. Monize Bernardinetti – CRM-SP 206.140